Entrevista:
Roger Machado, treinador interino do Grêmio
"Em algum momento, quero ser o treinador principal"
Zero Hora — Como foi a sensação de comandar o Grêmio na Arena?
Roger Machado —
Quando cheguei em casa, depois do jogo, fiquei falando sobre isso com
minha mulher. Foi uma sensação indescritível. É uma casa nova, que ainda
estamos decorando, personificando, é uma atmosfera diferente.
ZH — Como sentiu a reação do torcedor?
Roger Machado —
Ele fica muito junto, você o escuta perto do ouvido. Foi um jogo de
grande envolvimento emocional, de um peso muito grande na minha
carreira.
ZH — Foi mesmo Luiz Felipe Scolari quem fez despertar o desejo de ser treinador?
Roger Machado —
Felipão era muito aberto, dava voz a seus agentes dentro de campo.
Conversava o tempo todo com ele sobre isso. Além disso, sempre me
interessei muito por questões táticas, por ser um jogador de defesa e
ver o campo de outro ângulo, com outra perspectiva.
ZH — Tite também foi importante em sua formação como treinador?
Roger Machado —
Em 2000, ele viu minha sensibilidade para a parte tática. Me presenteou
com um disquete de tática 3-D, para usar no computador. Na
concentração, passei a brincar de organizar jogadas, simular situações
de partida.
ZH — Qual deles foi o mais importante?
Roger Machado — Todos contribuíram com alguma informação para o meu pacotinho de lembranças.
ZH — Como está sendo a experiência como auxiliar de Vanderlei Luxemburgo?
Roger Machado — É um treinador de primeira linha, tanto no nível brasileiro como no mundial. Com ele, faço minha pós-graduação, meu mestrado.
ZH — Quando pretende deixar de ser auxiliar para virar treinador?
Roger Machado — Não
determinei a data. Até porque quero ser um eterno aprendiz. Mas é claro
que, em algum momento, quero ser o treinador principal. Me direcionei
para isso, para a beira do campo. Não me imagino em outro lugar a não
ser comandando.
ZH — De preferência, no Grêmio?
Roger Machado — Esse é o sonho. Mas ainda tenho um longo caminho a percorrer.
ZH — Algum jogador do Grêmio de hoje dá sinais de que pode virar treinador, repetindo seu exemplo?
Roger Machado —
São todos jogadores de altíssimo nível, boa parte deles com quase toda a
carreira feita na Europa, como Dida, Zé Roberto, Elano. Hoje, é muito
mais fácil para que um treinado tenha suas ideias entendidas dentro de
campo.
ZH — O que você está lendo? São livros sobre futebol?
Roger Machado — Livro sobre inteligência emocional. É importante para saber que decisão tomar em determinados momentos do jogo.